Tabela comparativa com colunas “Diretos” e “Indiretos” em meio a ferramentas de construção, capacete e planta baixa sobre mesa de madeira.

Classificação de Custos: diretos, indiretos, fixos e variáveis

Em qualquer obra de engenharia civil, a correta classificação dos custos é uma etapa fundamental para garantir um orçamento preciso, um planejamento viável e um controle financeiro eficaz. Entender os…

Em qualquer obra de engenharia civil, a correta classificação dos custos é uma etapa fundamental para garantir um orçamento preciso, um planejamento viável e um controle financeiro eficaz. Entender os diferentes tipos de custos — diretos, indiretos, fixos e variáveis — é essencial para que engenheiros, orçamentistas e gestores consigam estruturar uma proposta sólida, competitiva e sustentável ao longo da execução do projeto.

Na prática, essa classificação impacta diretamente o cálculo do preço de venda, a formação do BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) e a análise de indicadores como o custo unitário e a margem de lucro. Além disso, uma distinção mal feita pode levar à subavaliação de recursos, atrasos no cronograma e até inviabilizar a obra por falta de previsibilidade financeira.

Este artigo tem como objetivo apresentar de forma didática e aplicada os conceitos fundamentais que envolvem a classificação de custos em obras. Ao longo dos tópicos, você entenderá as diferenças entre cada tipo, exemplos práticos, implicações no orçamento e boas práticas para aplicação no canteiro ou no escritório.

O que são Custos em Obras?

Entenda o conceito de custos e sua importância para o orçamento na construção civil

Na engenharia civil, o termo custos de obra refere-se a todos os recursos financeiros necessários para viabilizar a execução de um empreendimento. Esses custos englobam desde os insumos incorporados ao produto final — como materiais, mão de obra e equipamentos — até despesas indiretas relacionadas à gestão e suporte técnico-administrativo.

Diferente das despesas, que geralmente não se vinculam diretamente à produção (como marketing ou contabilidade da empresa), os custos estão sempre associados à atividade fim da construção, seja ela infraestrutura, edificação, urbanização ou montagem industrial.

Essa diferenciação é crucial no processo de orçamentação de obras, pois influencia diretamente a definição do custo direto, do custo indireto e, por consequência, da formação do preço de venda. Além disso, permite uma análise mais precisa da lucratividade do projeto e um controle eficiente da execução física e financeira.

Outra razão para essa classificação é a exigência de metodologias normativas, como as previstas no Decreto nº 7.983/2013, que regulamenta a elaboração de orçamentos públicos e o uso de composições de preços unitários detalhadas.

Custos Diretos

O que são custos diretos em obras e como identificá-los no orçamento

Os custos diretos representam todos os valores diretamente associados à execução física da obra. Em termos práticos, são os insumos que efetivamente compõem o produto final, ou seja, os materiais, a mão de obra, os equipamentos e os serviços aplicados no canteiro que resultam em uma unidade construída, como um metro quadrado de alvenaria ou um metro cúbico de concreto.

Esse tipo de custo é facilmente mensurável e quantificável por meio das composições de preços unitários (CPU). Cada CPU detalha os insumos necessários, suas quantidades e respectivos preços unitários, permitindo calcular o custo por unidade de serviço executado. Por exemplo: a CPU de uma laje inclui concreto, formas, armaduras, mão de obra e equipamentos de vibração.

Entre os exemplos mais comuns de custos diretos estão:

  • Concreto, aço, tijolos, argamassa e revestimentos;
  • Horas de pedreiros, armadores, serventes e operadores;
  • Locação de betoneiras, guindastes ou escoramentos;
  • Serviços especializados como impermeabilização ou fundações profundas.

A correta identificação dos custos diretos é essencial para garantir a precisão do orçamento, evitando omissões que podem comprometer a execução e impactar negativamente os resultados financeiros do projeto.

Custos Indiretos

Entenda o que são custos indiretos e como eles impactam o orçamento de obras

Os custos indiretos são aqueles que, embora essenciais à execução da obra, não podem ser atribuídos diretamente a um serviço específico. Em outras palavras, eles não se relacionam com a produção de um item medido, mas com o suporte, a organização e a gestão do canteiro como um todo.

Entre os principais exemplos de custos indiretos, destacam-se:

  • Salários da equipe técnica e administrativa local (engenheiro residente, almoxarife, segurança);
  • Instalações provisórias como escritórios, banheiros, vestiários e depósitos;
  • Serviços de vigilância, limpeza e transporte interno;
  • Utilização de softwares, internet, telefonia e pequenas ferramentas de uso geral.

Esses custos são normalmente agrupados na parcela de Administração Local e, em muitos casos, inseridos no orçamento por meio do BDI (Benefícios e Despesas Indiretas). Quando não bem dimensionados, podem comprometer a precisão do preço de venda, gerar desequilíbrios financeiros e dificultar a medição de desempenho.

A distinção entre custos diretos e indiretos deve estar clara desde a elaboração da planilha orçamentária, principalmente em obras públicas, conforme exige o Decreto nº 7.983/2013.

Custos Fixos

O que são custos fixos em obras e por que são importantes no planejamento financeiro

Os custos fixos em uma obra representam os gastos que permanecem constantes independentemente do ritmo de execução ou do volume produzido. Eles não variam proporcionalmente com o avanço físico dos serviços e, por isso, exigem atenção especial no planejamento financeiro e na análise de viabilidade do projeto.

Exemplos clássicos de custos fixos incluem:

  • Aluguel de contêineres ou equipamentos permanentes;
  • Salários de engenheiros residentes, encarregados e apoio administrativo;
  • Custos de seguros obrigatórios (obra, responsabilidade civil, equipamentos);
  • Contratos mensais de internet, telefonia, vigilância e manutenção predial.

Ao contrário dos custos variáveis — que acompanham o andamento da obra — os fixos ocorrem mesmo em períodos de baixa produção. Isso significa que uma paralisação ou um atraso no cronograma não interrompe a geração desses custos, podendo causar impactos significativos no fluxo de caixa.

Na elaboração do orçamento, os custos fixos podem ser classificados como diretos ou indiretos, dependendo da sua natureza. O importante é que estejam devidamente identificados e distribuídos ao longo do cronograma físico-financeiro, permitindo análises de ponto de equilíbrio e projeções de rentabilidade.

Para auxiliar na estruturação desses dados, recomendamos o uso de um cronograma físico-financeiro bem alinhado com o orçamento, garantindo o controle das despesas fixas em cada etapa do projeto.

Custos Variáveis

O que são custos variáveis e como afetam o orçamento e o controle de obras

Os custos variáveis são aqueles que flutuam conforme o volume de produção ou o progresso físico da obra. Diferentemente dos custos fixos, esses gastos aumentam ou diminuem de acordo com o ritmo da execução dos serviços, o que os torna altamente sensíveis à produtividade e ao planejamento.

Entre os exemplos mais comuns de custos variáveis na construção civil, destacam-se:

  • Consumo de materiais como cimento, brita, areia e tubos;
  • Horas efetivamente trabalhadas por operários e equipes de campo;
  • Deslocamentos e abastecimento de equipamentos móveis;
  • Contratação de serviços por demanda (como concretagem ou içamento).

Essa característica faz com que os custos variáveis exerçam impacto direto na precisão da composição de preços unitários (CPU) e na projeção do custo final da obra. Em cenários com alta produtividade, esses custos tendem a ser diluídos. Já em casos de retrabalho ou paralisações, podem se elevar rapidamente, comprometendo o orçamento.

O controle eficaz dos custos variáveis exige o acompanhamento contínuo do consumo de insumos, da produção diária e da curva de avanço físico-financeiro. Ferramentas como o EVM – Earned Value Management são úteis para comparar o planejado versus o realizado.

Por fim, entender a dinâmica dos custos variáveis permite que engenheiros e gestores adotem estratégias preventivas, como a otimização de recursos, evitando desperdícios e mantendo a obra dentro da meta orçamentária. É uma competência essencial para o sucesso financeiro de qualquer projeto.

Interseções e Diferenças

Como distinguir e cruzar custos diretos, indiretos, fixos e variáveis na prática da construção civil

Entender a diferença entre os tipos de custos é essencial, mas tão importante quanto isso é compreender que, na prática, muitos custos podem se encaixar em mais de uma categoria, a depender da ótica contábil, contratual ou gerencial adotada.

Por exemplo, o salário mensal de um engenheiro residente pode ser considerado:

  • Indireto e fixo, se for alocado como parte da administração local da obra;
  • Direto e fixo, se o profissional for exclusivo de uma frente crítica com medição individualizada.

Outro exemplo: o consumo de energia elétrica em uma obra pode ser:

  • Indireto e variável, se alimenta áreas comuns do canteiro (escritório, alojamentos);
  • Direto e variável, se vinculado a equipamentos utilizados diretamente nos serviços, como betoneiras ou serras elétricas.

Para lidar com essas interseções, recomenda-se o uso de uma matriz de classificação cruzada, que permite visualizar se determinado custo é:

  • Direto ou indireto (em relação ao produto final);
  • Fixo ou variável (em relação ao volume produzido).

Essa abordagem traz clareza e precisão na hora de elaborar orçamentos, definir centros de custo e alimentar relatórios financeiros. Também facilita a transparência nas auditorias e a conformidade com exigências legais, como as previstas no Decreto 7.983/2013.

A correta categorização dos custos auxilia no controle de desempenho financeiro da obra e permite ajustes estratégicos em tempo real — uma vantagem competitiva relevante no setor da construção.

Aplicações Práticas no Orçamento

Aplicando a classificação dos custos na planilha orçamentária da obra

A correta classificação dos custos na planilha orçamentária é um dos pilares da engenharia de custos. Identificar com clareza o que é custo direto, indireto, fixo ou variável permite estruturar um orçamento técnico robusto, transparente e alinhado às exigências de órgãos fiscalizadores e contratantes.

Na prática, os custos diretos devem ser organizados por serviço e medidos em unidades físicas (m², m³, m, kg). São descritos nas composições de preços unitários (CPU), que detalham materiais, mão de obra e equipamentos necessários para executar cada item da obra.

Já os custos indiretos podem ser lançados como itens agrupados — como “Administração Local”, “Instalações Provisórias” ou “Seguros” — ou, alternativamente, incluídos no cálculo do BDI. Essa decisão deve ser coerente com as práticas da empresa e com o modelo de licitação adotado.

Em relação à natureza fixa ou variável, o ideal é utilizar colunas auxiliares na planilha para marcar essa característica. Isso permite simular impactos de mudanças no escopo e identificar os limites do ponto de equilíbrio da obra.

Ferramentas como o Excel avançado para engenharia de custos e softwares como Sienge ou Volare facilitam essa estruturação e reduzem o risco de erros.

Ao aplicar essas boas práticas, o engenheiro passa a ter um controle mais preciso dos recursos, melhora a análise de viabilidade e consegue tomar decisões estratégicas com base em dados sólidos. É a união entre técnica, gestão e eficiência.

Uma ferramenta estratégica e eficiente

Classificar corretamente os custos é a base para orçamentos precisos e decisões mais inteligentes na construção civil

Ao longo deste artigo, exploramos a classificação dos tipos de custos mais relevantes na engenharia de obras: custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. Entender essa categorização vai muito além da teoria — trata-se de uma prática essencial para garantir a exatidão do orçamento, o equilíbrio do fluxo de caixa e a sustentabilidade do projeto.

A distinção entre os custos permite:

  • Estimar com maior precisão os custos unitários dos serviços;
  • Definir com clareza a composição do BDI (Benefícios e Despesas Indiretas);
  • Melhorar o controle financeiro da obra, identificando desvios em tempo real;
  • Ampliar a capacidade de negociação e análise de propostas em licitações.

Além disso, ao estruturar corretamente essas informações nas planilhas orçamentárias ou softwares especializados, o engenheiro civil passa a tomar decisões mais rápidas, estratégicas e fundamentadas — fatores decisivos para o sucesso em ambientes de alta competitividade.

A classificação de custos é, portanto, uma ferramenta de gestão poderosa — quando bem aplicada, transforma a orçamentação em uma aliada estratégica para o sucesso de qualquer empreendimento na construção civil.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Qual é a diferença entre custos diretos e indiretos?

Custos diretos são aqueles diretamente relacionados à execução de um serviço específico na obra, como materiais, mão de obra e equipamentos. Já os custos indiretos não estão ligados a um item mensurável, mas são necessários ao suporte da operação, como administração local, instalações provisórias e segurança.

2. Um mesmo custo pode ser classificado como direto e fixo?

Sim. Um custo pode ter dupla natureza. Por exemplo, o salário mensal de um engenheiro residente pode ser classificado como direto e fixo, se ele atua exclusivamente em uma frente de obra específica. A correta classificação depende do contexto e do critério adotado na planilha orçamentária.

3. Como os custos fixos impactam o fluxo de caixa da obra?

Os custos fixos ocorrem regularmente, mesmo sem avanço físico significativo. Isso significa que, em casos de atrasos ou baixa produtividade, o projeto continuará absorvendo esses custos, o que pode comprometer o equilíbrio financeiro e a rentabilidade da obra.

4. Custos variáveis são sempre diretos?

Não necessariamente. Embora a maioria dos custos variáveis (como materiais e mão de obra por produção) sejam diretos, alguns também podem ser indiretos, como o consumo de energia em áreas comuns ou despesas administrativas proporcionais ao volume de serviços executados.

5. Por que classificar corretamente os custos é tão importante?

Porque uma classificação incorreta pode distorcer o orçamento, dificultar o controle financeiro, comprometer o cálculo do BDI e gerar problemas em auditorias. Além disso, impacta diretamente na tomada de decisões e na viabilidade econômica do empreendimento.

Referências Bibliográficas

  • BRASIL. Decreto nº 7.983, de 8 de abril de 2013. Regulamenta o art. 12 da Lei nº 12.462/2011, e estabelece regras para elaboração de orçamento de referência de obras e serviços de engenharia. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 9 abr. 2013. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7983.htm. Acesso em: 22 jun. 2025.
  • DIAS, Paulo Roberto Vilela. Uma metodologia de orçamentação para obras civis: engenharia de custos. 8. ed. Rio de Janeiro: CREA-RJ; IBEC, 2003.
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  • MATTOS, Aldo Dórea. Os erros mais comuns em orçamento de obras (e como evitá-los). 1. ed. [S.l.]: Buildin, 2020. v. 1.
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  • INSTITUTO DE OBRAS PÚBLICAS DO ESPÍRITO SANTO – IOPES. Manual para elaboração de orçamentos para obras públicas. Vitória: Governo do Estado do Espírito Santo, 2017.
  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – TCU. Acórdão nº 2.622/2013 – Plenário. Brasília, DF: TCU, 2013. Disponível em: https://www.tcu.gov.br. Acesso em: 22 jun. 2025.

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