Ilustração de engenheiro e analista explicando a composição de preços unitários na construção civil

Composição de Preço Unitário: Pilar do Orçamento na Engenharia

Na engenharia civil, a formação de um orçamento vai muito além de simplesmente somar preços. Na verdade, ela exige precisão, metodologia e critérios técnicos bem definidos. É nesse contexto que…

Na engenharia civil, a formação de um orçamento vai muito além de simplesmente somar preços. Na verdade, ela exige precisão, metodologia e critérios técnicos bem definidos. É nesse contexto que surge a Composição de Preços Unitários (CPU), um dos principais pilares na elaboração de orçamentos de obras.

A CPU permite transformar os elementos técnicos do projeto — como plantas, memoriais e especificações — em números que traduzem os custos reais para execução de cada serviço da obra. Este artigo foi desenvolvido para ser um guia completo sobre o tema, aprofundando desde conceitos, fórmulas e metodologia até aplicações práticas e boas práticas de mercado.

Se você busca entender a fundo o que é CPU, como ela é construída e de que forma impacta a viabilidade e o sucesso de uma obra, siga na leitura.

O que é Composição de Preços Unitários (CPU)?

Engenheira analisando gráficos de custos com documento de CPU e cenário de obra ao fundo

A Composição de Preços Unitários, conhecida como CPU, é um detalhamento técnico e econômico dos custos necessários para executar uma unidade de determinado serviço na construção civil. Ela identifica todos os insumos envolvidos — como materiais, mão de obra e equipamentos —, estabelece suas quantidades (coeficientes de consumo) e aplica os custos unitários, chegando ao custo final por unidade do serviço.

Exemplo Prático

Imagine o serviço “Concreto estrutural Fck=25 MPa, usinado, lançado por bomba”. A CPU desse serviço incluirá:

  • Quantidade de cimento, areia, brita e aditivos por m³;
  • Horas de trabalho dos operadores, ajudantes e motorista da bomba;
  • Custo da utilização da bomba de concreto;
  • Encargos sociais sobre a mão de obra;
  • Custos diretos e, posteriormente, indiretos e BDI.

Essa composição gera o custo unitário desse serviço, geralmente expresso em R$/m³.

Qual a Função da CPU no Orçamento?

A CPU é a espinha dorsal do orçamento. Sem ela, qualquer estimativa de custo carece de embasamento técnico. Por meio da CPU, é possível:

  • Definir custos de cada serviço com exatidão;
  • Estimar orçamentos completos de obras;
  • Controlar custos durante a execução;
  • Planejar cronogramas físico-financeiros;
  • Justificar preços em processos licitatórios;
  • Elaborar defesas técnicas em pleitos e aditivos contratuais.

Portanto, a CPU não é apenas uma etapa burocrática — ela é uma ferramenta estratégica.

Etapas para Montar uma CPU Perfeita

Engenheiro civil ao lado de gráficos representando mão de obra, materiais e equipamentos na composição de custos

1️⃣ Leitura e Interpretação do Projeto

Antes de qualquer cálculo, é essencial entender o projeto. Isso inclui:

  • Analisar plantas;
  • Ler memoriais descritivos;
  • Verificar especificações técnicas;
  • Identificar interferências, condicionantes de acesso, logística e características da obra.

2️⃣ Definir a Unidade de Medida Correta

A unidade de medida deve refletir exatamente o serviço prestado. Por exemplo:

  • m³ (para concretagem, escavações, aterros);
  • m² (para revestimentos, pinturas, impermeabilizações);
  • m (para tubulações, eletrodutos, vigas);
  • unidade (para peças específicas, equipamentos ou dispositivos).

3️⃣ Listagem de Insumos Necessários

Identificar todos os insumos:

  • Materiais: cimento, aço, areia, blocos, tintas, cabos, entre outros;
  • Mão de Obra: engenheiros, mestres, operários, ajudantes, técnicos;
  • Equipamentos: andaimes, betoneiras, gruas, bombas, caminhões, ferramentas especializadas.

4️⃣ Definição dos Coeficientes de Consumo

Determinar a quantidade de cada insumo para produzir uma unidade do serviço.

Fontes dos Coeficientes:

  • Tabelas oficiais (SINAPI, SICRO, DER);
  • Manuais técnicos (ABCP, SNIC, SENAI, SEBRAE);
  • Dados históricos da própria empresa;
  • Estudos de produtividade de campo.

5️⃣ Levantamento dos Custos Unitários dos Insumos

Os preços dos insumos devem refletir o mercado local ou região da obra.

  • Fontes: Cotações diretas, fornecedores locais, bases públicas (SINAPI, SICRO, SEINFRA). Devem ser atualizados periodicamente, considerando flutuações de mercado, inflação e sazonalidade.

6️⃣ Cálculo do Custo Direto

Fórmula base:

Custo Direto = ∑ (Coeficiente de Insumo × Preço Unitário do Insumo)

Incluindo:

  • Materiais;
  • Mão de obra (acrescidos dos encargos sociais);
  • Equipamentos (considerando custos horários e produtividade).

Fontes de Dados Para CPU: Onde Buscar Informações?

  • SINAPI (Caixa e IBGE): Base oficial para obras públicas no Brasil;
  • SICRO (DNIT): Referência para obras rodoviárias;
  • DERs Estaduais: Custos regionais para infraestrutura rodoviária;
  • SEINFRA: Usado em alguns estados;
  • Bases Privadas: Orse, Construprice, PINI, etc.;
  • Cotações Locais: Fornecedores da região;

Históricos de Obras Anteriores: Fonte interna da construtora.

Aplicações Reais da CPU na Engenharia Civil

Comparação visual entre uma obra com CPU bem elaborada, que garante planejamento, controle e crescimento, e uma obra sem CPU, que enfrenta desorganização, custos descontrolados e prejuízos.
  • Elaboração de propostas para licitações;
  • Contratação de serviços com terceiros;
  • Controle de custos e acompanhamento físico-financeiro da obra;
  • Planejamento de insumos e logística;
  • Auditorias técnicas e avaliações de conformidade;
  • Revisões contratuais e defesas de pleitos.

Erros Críticos na Elaboração de CPUs

  • Usar produtividades irreais ou genéricas;
  • Não atualizar os preços dos insumos;
  • Ignorar custos indiretos relevantes;
  • Desconsiderar logística, transporte interno ou perdas operacionais;
  • Aplicar encargos ou BDI incorretamente.

Boas Práticas na Elaboração de CPUs

  • Sempre valide coeficientes com dados reais de campo;
  • Mantenha uma base de dados interna atualizada;
  • Documente as fontes dos preços e produtividades utilizadas;
  • Realize análises comparativas com bases oficiais;
  • Utilize softwares específicos de orçamento para reduzir erros.

Vantagens de uma CPU Bem Elaborada

Ilustração de engenheiro e analista explicando a composição de preços unitários na construção civil

Orçamentos mais precisos e competitivos;

  • Melhor controle de custos e riscos;
  • Redução de retrabalho no planejamento e na execução;
  • Suporte robusto em defesas contratuais e negociações;
  • Melhoria na previsibilidade financeira da obra.

Uma Ferramenta Estratégica

A Composição de Preços Unitários (CPU) não é apenas um instrumento técnico — ela é, de fato, uma ferramenta estratégica, que impacta diretamente a saúde financeira e o sucesso dos projetos de engenharia.

Empresas que dominam a elaboração de CPUs robustas e realistas se destacam no mercado por apresentar propostas mais competitivas, reduzir riscos e melhorar seus resultados operacionais.

Se você deseja aprimorar ainda mais seus conhecimentos sobre orçamento de obras, continue acompanhando nosso blog Orçamento em Obras. Aqui, compartilhamos conteúdos práticos, técnicos e atualizados para ajudar profissionais e empresas a alcançarem excelência na gestão de custos.

Referências

  • CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil. Brasília: Caixa, 2025. Disponível em: https://www.caixa.gov.br. Acesso em: 26 maio 2025.
  • DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. SICRO – Sistema de Custos Referenciais de Obras. Brasília: DNIT, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/dnit. Acesso em: 26 maio 2025.
  • IBRAOP – INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS. Manual de Auditoria de Obras Públicas. 2. ed. Brasília: Ibraop, 2016.
  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721: Avaliação de custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
  • PINHEIRO, Sérgio. Orçamento de Obras na Prática. 4. ed. São Paulo: PINI, 2019.
  • MARTINS, José de Almeida; ZAMBONI, Pedro Celestino. Engenharia de Custos: Formação do Preço de Venda e Gestão Econômica de Obras. 3. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2017.
  • CREA-SP. Manual de Custos e Orçamentos de Obras. São Paulo: CREA-SP, 2015.
  • SEINFRA – SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA DOS ESTADOS. Bases de Dados Referenciais de Custos Regionais. Disponível nos sites oficiais das Secretarias de cada estado. Acesso em: 26 maio 2025.
  • SINDUSCON-SP. Indicadores Econômicos da Construção Civil. São Paulo: SindusCon-SP, 2025. Disponível em: https://www.sindusconsp.com.br. Acesso em: 26 maio 2025.
  • BIDONE, Fábio; LOPES, Hélio. Custos na Construção Civil: Manual de Orçamentos, Planejamento e Controle. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.

Fontes Consultadas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *