Orçamento de Obras: Conceito, Objetivos e Etapas Essenciais
O sucesso de uma obra começa muito antes do primeiro tijolo ser assentado. Antes mesmo de contratar equipes ou adquirir materiais, é essencial conhecer com precisão quanto o projeto vai…
O sucesso de uma obra começa muito antes do primeiro tijolo ser assentado. Antes mesmo de contratar equipes ou adquirir materiais, é essencial conhecer com precisão quanto o projeto vai custar — e é aí que entra o orçamento de obras.
O orçamento é uma etapa estratégica e indispensável em qualquer empreendimento da construção civil, seja ele público ou privado. Ele oferece uma visão clara dos custos envolvidos, permite prever gastos, planejar contratações, definir cronogramas e, principalmente, garantir a viabilidade econômica do projeto.
Sem um orçamento bem elaborado, o risco de atrasos, desperdícios e estouros financeiros cresce exponencialmente. Em um mercado cada vez mais competitivo, saber orçar com precisão é mais do que uma habilidade técnica — é um diferencial decisivo.
Neste artigo, você vai entender:
- O que é orçamento de obras e qual sua função na engenharia;
- Os elementos que o compõem;
- Suas etapas de elaboração;
- E os principais erros que devem ser evitados.
Se você é engenheiro, arquiteto, gestor de obras ou está se preparando para atuar na área, continue a leitura para dominar um dos pilares mais importantes da construção civil.
O que é um Orçamento de Obras?
O orçamento de obras é um documento técnico que estima, com o máximo de precisão possível, todos os custos envolvidos na execução de uma construção. Ele contempla desde os insumos diretos — como materiais, mão de obra e equipamentos — até despesas indiretas, encargos, impostos e margem de lucro.
🔹 Conceito Técnico
De forma simplificada, o orçamento de obras é o processo de prever quanto custará um projeto de construção, com base em levantamentos quantitativos, composições de preços unitários (CPU) e dados mercadológicos atualizados.
Segundo o Manual de Orçamento de Obras do IOPES (2017), trata-se de:
“um instrumento para determinação dos custos prováveis da execução de uma obra, visando à elaboração da proposta de preço e ao controle financeiro do empreendimento.”
🔹 Diferença entre Orçamento e Orçamentação
Embora os termos muitas vezes sejam usados como sinônimos, existe uma diferença importante:
- Orçamento é o produto final: o valor estimado da obra.
- Orçamentação é o processo de elaboração desse orçamento, envolvendo estudos, cálculos e análises.
Ou seja, a orçamentação é o caminho e o orçamento é o destino.
🔹 Funções do Orçamento de Obras
O orçamento cumpre múltiplas funções dentro de um projeto de engenharia:
- Avaliar a viabilidade econômica da obra;
- Servir de base para concorrências públicas ou privadas;
- Planejar contratações e compras de materiais e serviços;
- Controlar os gastos durante a execução, comparando o previsto com o realizado;
- Evitar improvisos e desperdícios, permitindo decisões baseadas em dados.
Orçar uma obra é transformar ideias e projetos em números confiáveis, capazes de guiar todo o ciclo de vida do empreendimento, da concepção à entrega.
Por que o Orçamento de Obras é Tão Importante?
O orçamento é uma das ferramentas mais estratégicas da construção civil. Ele não apenas estima custos — ele define a viabilidade, orienta a tomada de decisões e previne riscos que podem comprometer o sucesso da obra.
Veja a seguir os principais motivos que tornam o orçamento indispensável em qualquer empreendimento:
📌1 Redução de Riscos Financeiros
Sem um orçamento bem elaborado, é praticamente impossível prever quanto será necessário investir em cada etapa da obra. Isso pode resultar em estouro de custos, atrasos e até paralisações. Um bom orçamento antecipa cenários, considera perdas, variações de mercado e margem de segurança.
📌2 Tomada de Decisão Baseada em Dados
O orçamento permite que o gestor compare alternativas construtivas, analise métodos executivos, escolha fornecedores mais vantajosos e priorize etapas conforme a disponibilidade de caixa. Decidir com base em dados evita decisões precipitadas e reduz os improvisos em campo.
📌3 Planejamento Integrado da Obra
Além de prever valores, o orçamento se conecta diretamente ao cronograma físico-financeiro e ao planejamento executivo. Com ele, é possível distribuir os desembolsos ao longo do tempo, controlar o fluxo de caixa e garantir que os recursos estejam disponíveis no momento certo.
📌4 Controle de Custos Durante a Execução
Um orçamento de qualidade é também uma referência de controle. Ele permite o acompanhamento sistemático dos custos reais da obra (orçado x realizado), identificando rapidamente desvios e possibilitando ações corretivas antes que prejudiquem o resultado final.
📌5 Fundamentação Técnica e Legal
Em licitações públicas e contratos com clientes, o orçamento funciona como documento base para justificar preços, estabelecer metas, redigir termos contratuais e formalizar aditivos. Ele é essencial para a transparência, o equilíbrio contratual e a segurança jurídica.
💡 Em resumo: o orçamento de obras é mais do que uma planilha de números. Ele é uma ferramenta de gestão estratégica que assegura a viabilidade, eficiência e sucesso do empreendimento.
Elementos que Compõem o Orçamento
Um orçamento de obras bem estruturado é resultado da análise e composição de diferentes categorias de custos. Esses elementos representam tudo o que será necessário para executar a obra do início ao fim, de forma planejada, segura e economicamente viável.
A seguir, conheça os principais componentes que formam o orçamento:
🧱1 Custos Diretos
São os custos diretamente ligados à execução dos serviços contratados. Em outras palavras, são aqueles que ficam incorporados à obra.
Exemplos:
- Materiais de construção (cimento, aço, tijolos, tinta, etc.);
- Mão de obra direta (pedreiros, carpinteiros, eletricistas, etc.);
- Equipamentos utilizados na produção (andaimes, betoneiras, guindastes);
- Serviços terceirizados específicos (perfuração, sondagem, impermeabilização).
Esses custos costumam ser detalhados em composições de preços unitários (CPU), que são a base da formação do orçamento técnico.
🏗️2 Custos Indiretos
São os custos que não estão diretamente atrelados à execução de um serviço específico, mas são necessários para viabilizar a obra como um todo.
Exemplos:
- Administração local (engenheiro residente, mestre de obras, técnico de segurança);
- Estrutura do canteiro de obras (escritório, refeitório, banheiros, etc.);
- Instalações provisórias de energia e água;
- Comunicação, limpeza, vigilância e apoio logístico.
Esses itens, embora não apareçam diretamente na execução, impactam significativamente no custo total da obra e devem ser cuidadosamente estimados.
💼3 Encargos Sociais e Trabalhistas
Todo custo com mão de obra precisa considerar os encargos obrigatórios previstos em lei. Esses encargos variam conforme o tipo de contratação e a convenção coletiva da categoria.
Podem incluir:
- INSS patronal;
- FGTS;
- Férias + 1/3;
- 13º salário;
- Seguro de acidente de trabalho;
- Auxílio alimentação, transporte e outros benefícios;
- Adicionais (noturno, periculosidade, insalubridade).
Ignorar esses encargos é um dos erros mais graves e comuns em orçamentos de obras.
📊4 BDI – Benefícios e Despesas Indiretas
O BDI é um percentual aplicado sobre o custo direto para incorporar:
- Despesas indiretas não incluídas nas CPUs;
- Tributos sobre faturamento (PIS, COFINS, ISS);
- Margem de lucro da empresa.
É através do BDI que se chega ao preço final de venda da obra. Seu valor varia conforme o porte, tipo de contrato, complexidade e riscos envolvidos. Segundo o TCU, o BDI deve ser justificado, transparente e adequado à realidade da obra.
🧾5 Impostos, Taxas e Margem de Lucro
Além dos tributos já embutidos no BDI, é importante considerar:
- Custos com emissão de ART;
- Taxas de licenciamento;
- Margens de segurança e contingências;
- Expectativa de lucro compatível com o mercado.
✅ Resumo dos elementos principais:
Elemento | Inclui |
---|---|
Custos Diretos | Materiais, mão de obra, equipamentos, subempreiteiros |
Custos Indiretos | Apoio administrativo, canteiro, instalações provisórias |
Encargos Trabalhistas | INSS, FGTS, férias, adicionais legais |
BDI | Despesas indiretas + tributos + lucro |
Outros Custos | Taxas, licenças, imprevistos |
Etapas da Elaboração de um Orçamento de Obras
Elaborar um orçamento de obras não é apenas preencher uma planilha. Trata-se de um processo técnico estruturado, composto por etapas que exigem análise, cálculo, experiência e domínio das ferramentas adequadas.
A seguir, apresentamos as etapas fundamentais para a elaboração de um orçamento confiável e eficiente:
📘1 Estudo do Projeto e das Condicionantes
O ponto de partida é analisar cuidadosamente:
- Projeto arquitetônico, estrutural e complementares;
- Memorial descritivo;
- Local da obra (condições de acesso, topografia, restrições);
- Editais, contratos ou termos de referência (em obras públicas);
- Clima, sazonalidade e interferências logísticas.
Ignorar essa etapa é um dos erros mais comuns e perigosos, pois pode comprometer toda a base de cálculo.
📏2 Levantamento de Quantitativos
Com base nos projetos, o orçamentista realiza a medição de todos os serviços previstos:
- Área de alvenaria (m²);
- Volume de concreto (m³);
- Metros lineares de tubulações, eletrodutos e cabos;
- Quantidade de peças sanitárias, luminárias, esquadrias, etc.
O uso de ferramentas como AutoCAD, Excel, BIM e planilhas específicas de levantamento facilita essa etapa e aumenta a precisão dos dados.
⚙️3 Composição de Preços Unitários (CPU)
Cada item orçado deve ser detalhado em composições de preços unitários, que consideram:
- Consumo de insumos (mão de obra, materiais, equipamentos);
- Produtividade da equipe;
- Preço unitário de cada insumo (cotação ou base de dados);
- Incidência de encargos e perdas.
As CPUs podem ser construídas manualmente ou com base em bancos como SINAPI, SICRO, TCPO, SIEG ou próprios da empresa.
💵4 Cotação de Insumos
Os insumos utilizados nas CPUs devem refletir os valores reais praticados no mercado da região onde a obra será executada. Para isso, é necessário:
- Consultar pelo menos três fornecedores distintos;
- Registrar as condições de entrega (FOB/CIF), prazos e formas de pagamento;
- Considerar sazonalidades, fretes e diferenças regionais;
- Documentar todas as cotações para fins de auditoria e rastreabilidade.
📈5 Aplicação do BDI e Formação do Preço Final
Após a soma de todos os custos diretos e indiretos, é aplicado o BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) para compor o preço final da obra.
Fórmula simplificada:
Preço Final = Custo Direto Total × (1 + BDI%)
Esse valor será utilizado:
- Como base de licitação (obras públicas);
- Para propostas comerciais (obras privadas);
- Como referência de controle financeiro.
🧮6 Revisão e Validação do Orçamento
Antes da finalização, o orçamento deve passar por:
- Revisão técnica (cruzamento de dados, verificação de erros);
- Comparação com obras similares (benchmarking);
- Validação por engenheiro responsável (assinatura da ART, quando aplicável).
🛠️ Ferramentas que auxiliam na elaboração:
- Excel e Google Planilhas;
- Softwares especializados (OrçaFascio, Volare, Sienge, Eberick, MS Project);
- Bases de dados públicas e privadas (SINAPI, SICRO, TCPO).
Exemplo Prático e Simplificado
Para compreender como funciona a elaboração de um orçamento de obras, vejamos um exemplo prático simplificado de uma etapa comum em edificações: alvenaria de vedação em bloco cerâmico.
Situação
Imagine que um engenheiro precisa orçar a alvenaria de uma obra de pequeno porte. Os dados disponíveis são:
- Área total de alvenaria: 5.000 m²
- Composição de Preço Unitário (CPU) por m²:
- Mão de obra: R$ 18,00
- Material: R$ 22,00
- Equipamentos: R$ 2,00
- Total da CPU: R$ 42,00
- BDI aplicado: 25% (R$ 10,50 por m²)
Cálculos
🔹 Preço final por m²:
R$ 42,00 + R$ 10,50 = R$ 52,50
🔹 Custo total da etapa:
5.000 m² × R$ 52,50 = R$ 262.500,00
🧾 Estrutura da Composição
Item | Valor unitário (R$) |
---|---|
Mão de obra | 18,00 |
Material | 22,00 |
Equipamentos | 2,00 |
Subtotal (CPU) | 42,00 |
BDI (25%) | 10,50 |
Preço final | 52,50 |
💡 Observações Importantes
- Este é um exemplo didático e resumido. Na prática, cada CPU exige detalhamento técnico, cotação de insumos e consideração de produtividade e perdas.
- O BDI pode variar conforme o tipo e porte da obra, localização, riscos envolvidos e regime tributário da empresa executora.
- Composições devem ser sempre justificadas, preferencialmente com base em fontes oficiais ou planilhas próprias auditáveis.
✅ Resumo:
Este exemplo mostra como uma simples composição unitária se transforma em um item orçamentário consolidado e como cada etapa influencia diretamente o custo final da obra.
Erros Comuns em Orçamentos de Obras
Mesmo profissionais experientes estão sujeitos a erros na elaboração de orçamentos. Pequenas falhas, quando não identificadas a tempo, podem causar grandes prejuízos financeiros, retrabalhos, atrasos e desequilíbrios contratuais.
A seguir, listamos os erros mais frequentes e como evitá-los:
❌1 Orçar sem Projeto Adequado
Tentar elaborar um orçamento com base em projetos incompletos, esquemáticos ou mal detalhados é uma das principais causas de erro.
Consequências:
- Estimativas imprecisas;
- Quantitativos errados;
- Omissão de serviços importantes.
🔎 Sempre aguarde pelo menos o projeto básico ou executivo. Se necessário, solicite visita técnica para avaliar o local.
❌2 Não Considerar Perdas e Improvisos
Todo orçamento deve considerar perdas, reaproveitamentos e riscos operacionais. Ignorar isso é subestimar a realidade do canteiro de obras.
Exemplos:
- Perda de blocos cerâmicos na alvenaria (em média, 5% a 10%);
- Reaproveitamento limitado de formas de madeira;
- Desperdício de argamassa ou concreto em obras verticais.
💡 Inclua sempre coeficientes de perda realistas conforme o tipo de serviço.
❌3 Uso Indevido de Composições Genéricas
Copiar CPUs prontas de outras obras ou bases públicas sem revisar a produtividade e os insumos aplicáveis ao contexto pode distorcer os custos.
Dicas:
- Verifique se a composição reflete a mão de obra e equipamentos disponíveis no local;
- Ajuste os coeficientes de produtividade à sua realidade;
- Atualize os preços dos insumos com base no mercado regional.
❌4 Omissão de Custos Indiretos e Encargos
Esquecer da administração local, segurança do trabalho, limpeza, água, luz e encargos sociais é um erro frequente — e custoso.
🧾 Utilize checklists para garantir que todos os elementos foram considerados no orçamento.
❌5 Aplicar BDI de Forma Genérica
Aplicar um BDI “padrão” sem avaliar corretamente os custos indiretos, tributos e margem de lucro pode tornar sua proposta inexequível ou pouco competitiva.
Segundo o TCU (Acórdão 2622/2013), o BDI deve ser composto por itens justificados tecnicamente e separados por tipo de obra.
❌6 Não Validar com Obras Anteriores
Muitos orçamentos são elaborados do zero, sem o uso de dados históricos confiáveis. Isso reduz a confiabilidade e a competitividade da proposta.
🔁 Crie um banco de dados de obras anteriores e utilize a Curva ABC de insumos e serviços para aprimorar a estimativa.
Como Evitar Esses Erros?
- Faça visita técnica sempre que possível;
- Trabalhe com projetos atualizados;
- Atualize as bases de composição e insumos;
- Revise os encargos trabalhistas conforme convenção local;
- Realize simulações de cenário com e sem imprevistos;
- Utilize ferramentas como planilhas auditáveis, softwares de orçamento e checklists de verificação.
Ferramentas e Bases de Dados Utilizadas
Para elaborar um orçamento de obras com precisão, confiabilidade e produtividade, é indispensável o uso de ferramentas apropriadas e bases de dados técnicas atualizadas.
Esses recursos permitem padronizar composições, atualizar preços de insumos, aplicar produtividade realista e calcular os custos com embasamento técnico.
🛠️ 1 Ferramentas e Softwares
A tecnologia é uma grande aliada da engenharia de custos. Veja abaixo as ferramentas mais utilizadas no mercado:
📌Excel e Google Planilhas
- Ótimo para quem está começando;
- Permite criar modelos personalizados, macros e simulações;
- Ideal para análises simples e estudos preliminares.
📌OrçaFascio
- Software brasileiro com interface amigável;
- Integra SINAPI, SICRO, TCPO e outras bases;
- Gera relatórios, curvas ABC, comparativos e cronogramas físicos-financeiros.
📌Volare e Eberick
- Muito utilizados por construtoras e projetistas;
- Integram orçamento com cronograma, projetos estruturais e BIM.
📌Sienge, Mega ERP e UAU
- Sistemas corporativos voltados para grandes obras e construtoras;
- Integram orçamento, suprimentos, execução e financeiro.
📌MS Project e Primavera P6
- Utilizados para integrar o orçamento ao planejamento;
- Geram linha de base, cronograma de desembolso e curva S.
📚2 Bases de Dados de Referência
O uso de composições e preços de referência é essencial, especialmente em obras públicas. Abaixo, os principais sistemas utilizados no Brasil:
📌SINAPI (Caixa + IBGE)
- Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil;
- Atualizado mensalmente;
- Base oficial para orçamentos de obras públicas federais;
- Possui composições completas por estado e cidade.
📌SICRO (DNIT)
- Sistema de Custos Rodoviários;
- Focado em obras de infraestrutura de transporte;
- Fundamental em licitações rodoviárias, ferroviárias e portuárias.
📌TCPO (Editora PINI)
- Tabela de Composições de Preços para Orçamentos;
- Ampla base de dados com análises detalhadas;
- Atualização constante, muito usada no setor privado.
📌SIEG, SBC e AGETOP
- Bases estaduais ou privadas, com dados regionais;
- Úteis para validar cotações locais ou especializadas.
📌Bases próprias (empresariais)
- Empresas com histórico de obras criam seus próprios bancos;
- Mais realistas e adaptadas ao método construtivo interno;
- Devem ser constantemente atualizadas com feedback da execução.
🧩 Dica Profissional
🔍 “Não use apenas uma base. Sempre cruze informações entre SINAPI, cotações locais, dados históricos da empresa e composições ajustadas ao método executivo.”
O orçamento de obras é muito mais do que um simples cálculo de custos — ele é um instrumento estratégico que define o sucesso ou o fracasso de um empreendimento.
Ao longo deste artigo, você viu que um bom orçamento:
- Garante a viabilidade técnica e financeira da obra;
- Permite decisões embasadas em dados;
- Reduz riscos de desperdícios, atrasos e estouros de custos;
- É essencial para o planejamento, controle e gestão da construção;
- Exige metodologia, conhecimento técnico e ferramentas adequadas.
Dominar a elaboração de orçamentos é uma habilidade essencial para engenheiros, arquitetos, técnicos e gestores. E mais do que isso: é uma competência valorizada pelo mercado e decisiva em licitações, contratações e negociações.
Se você ainda monta seus orçamentos com planilhas improvisadas ou se baseia apenas em preços estimados, é hora de mudar. Profissionalize seu processo orçamentário, conheça as ferramentas certas, estude as bases oficiais e aprofunde-se nos conceitos apresentados.
💬 Dica final: a orçamentação não termina quando a planilha está pronta. Ela continua na obra, no controle de custos e no aprendizado constante com cada projeto executado.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é orçamento de obras na construção civil?
É a estimativa detalhada de todos os custos envolvidos na execução de um projeto de construção. O orçamento serve para prever despesas, definir viabilidade financeira e planejar a execução da obra com base em dados reais e técnicos.
Qual a diferença entre orçamento e orçamentação?
- Orçamento é o resultado final, ou seja, o valor estimado da obra.
- Orçamentação é o processo técnico de elaborar esse orçamento, incluindo levantamento de quantitativos, composições de preços e aplicação de BDI.
Quais são os principais itens do orçamento de obras?
- Custos diretos (materiais, mão de obra, equipamentos);
- Custos indiretos (administração local, canteiro, apoio);
- Encargos trabalhistas;
- BDI (benefícios, despesas indiretas e lucro);
- Impostos, taxas e licenças.
O que é BDI e por que ele é aplicado no orçamento?
BDI significa Benefícios e Despesas Indiretas. É um percentual aplicado sobre os custos diretos para incluir tributos, despesas indiretas e a margem de lucro da construtora. Ele transforma o custo em preço final de venda da obra.
Quais são as bases de dados mais usadas para orçamentos?
- SINAPI (Caixa/IBGE) – usada em obras públicas;
- SICRO (DNIT) – aplicada em infraestrutura de transporte;
- TCPO (Editora PINI) – ampla e com foco no setor privado;
- Bases internas – construídas com dados históricos das próprias empresas.
Qual software usar para montar um orçamento?
Entre os mais usados estão:
- Excel (para orçamentos iniciais ou didáticos);
- OrçaFascio (com integração à SINAPI, SICRO e TCPO);
- Sienge, Volare e ERPs corporativos;
- MS Project e Primavera P6 (para controle físico-financeiro).
Como evitar erros em orçamentos de obras?
- Não orçar sem projeto básico;
- Considerar perdas, encargos e riscos operacionais;
- Validar insumos e produtividades conforme a realidade local;
- Utilizar composições atualizadas e revisar o BDI de forma crítica.
Referências Bibliográficas
- MATTOS, Aldo Dórea. Como preparar orçamentos de obras: dicas para orçamentistas, estudos de caso, exemplos. São Paulo: Editora PINI, 2006.
- MATTOS, Aldo Dórea. Planejamento e controle de obras. São Paulo: Editora PINI, 2010.
- DIAS, Paulo Roberto Vilela. Engenharia de custos: uma metodologia de orçamentação para obras civis. Rio de Janeiro: VX Comunicação, 2003.
- HELBER, Macedo. A practical guide to cost engineering. London: Routledge, 2024.
- TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (Brasil). Acórdão nº 2622/2013 – Plenário. Brasília, DF, 2013. Disponível em: https://www.tcu.gov.br. Acesso em: 19 jun. 2025.
- BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI da Constituição Federal. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 22 jun. 1993.
- CAIXA ECONÔMICA FEDERAL; IBGE. SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil. Disponível em: https://www.caixa.gov.br. Acesso em: 19 jun. 2025.
- DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. SICRO – Sistema de Custos Rodoviários. Brasília, DF. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/. Acesso em: 19 jun. 2025.
- EDITORA PINI. TCPO – Tabela de Composições de Preços para Orçamentos. São Paulo: PINI, edições diversas.
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